Relato do Parto

Sexta, 29 de Abril de 2011.

O dia foi cheio de atividades para a mamãe. Como a Dra. nos liberou do repouso achei melhor aproveitar para caminhar já que dizem que facilita o trabalho de parto.
Acordei pela manhã com o papai e enquanto ele ia para a faculdade, fui fazer compras com a mana no supermercado. Depois fui no banco, levei e busquei a mana na escola e passei no supermercado novamente, chegando em casa no início da noite.
Após um café, a maninha e a mamãe foram jogar "memória" e, - me lembro bem! - foi quando tudo começou.

Por volta das 21 horas, enquanto jogava senti um "estalo" (pléc) no meio da barriga, pro lado esquerdo. Achei muito estranho e logo pensei se era a bolsa que havia estourado.
Corri para o banheiro e vi que a calcinha estava um pouco molhada com um líquido transparente e avermelhado, que não parava de pingar (e não era xixi =]).
Eu pensava que o rompimento da bolsa era algo doloroso e que o líquido escorria rapidamente e em grande quantidade pelas pernas, mas não foi assim comigo, e, apesar da dúvida com  qual eu permanecia, uma felicidade instantânea brotou em mim e fui correndo ligar para o papai (que estava no trabalho) para contar que a nossa pequena flor estava chegando. O papai foi pego de surpresa enquanto dava aula. Eu estava com as mesmas contrações de antes, isso é: irregulares e com intervalo maior do que 5 minutos. No telefone eu disse para o papai que achava que a bolsa havia rompido, mas ao voltar ao banheiro e ver que o absorvente que eu tinha colocado já estava cheio daquele líquido avermelhado, tive toda certeza. =)
O papai cuidou de telefonar para os vovôs e vovós para comunicar a nossa ida ao hospital enquanto a mamãe e a mana calmamente arrumaram algumas coisas na casa e se arrumaram para sair. Eu sempre disse para o papai que não queria ir correndo desesperada para o hospital, mas sim, queria deixar tudo arrumadinho e ir em paz. Foi o que fizemos.
Eu sabia que mesmo com a bolsa rompida o bebê podia demorar algumas horas ainda para nascer e como minhas contrações ainda permaneciam iguais, isso é, irregulares, enquanto esperávamos a vovó nos buscar, fiz meu cabelo e reorganizei as malas.
Eu tinha dito pra dona Aimée não vir numa sexta para que a nossa Dra. pudesse fazer o parto, mas a mocinha, cheia de surpresas, quis dar sinal exatamente numa sexta... Eu pensava: ela vai nascer na madrugada de sábado. Sábado não é sexta... Tomara que a Dra. possa fazer nosso parto.
Fomos para o hospital Divina Providência, como já estava combinado, mas o CTI NEONATAL do hospital estava lotado, então apenas fizeram uma avaliação em mim e me encaminharam para o hospital Ernesto Dornelles (que não estava com uma situação muito diferente, mas a internação).
Chegamos no hospital por volta das 23:15 e às 23:24 eu já estava internada. Dali eu só voltaria para a casa, com a tão esperada, Aimée nos braços.
Entrei sozinha e fiquei na sala de pré-parto. Lá fizeram uma nova avaliação. Uma enfermeira verificarou se havia sangramento, o tempo das contrações e a pressão arterial e preencheu alguns documentos de baixa no hospital. Eu permanecia com os mesmos 3D de dilatação de antes da bolsa romper e não estava com contrações de trabalho de parto.
Me deram um daqueles aventais verdinhos que deixa o bumbum de fora para vestir, fizeram um "forrinho" na cama para eu deitar em cima e outro me deram para pôr entre as pernas. Logo em seguida outra enfermeira entrou no quarto, desta vez para que eu respondesse um questionário sobre o pré-natal, histórico da minha saúde e também da minha família (o que foi muito bom para que eu me destraísse, já que antes, alguns minutos sozinha na sala haviam me deixado apreenssiva).
Para a minha alegria, pouco antes da meia-noite deixaram o papai entrar para ficar comigo. Assim fiquei muuuuuito mais tranquila!
Recebemos a visita da Ana, uma moça que trabalha com filmagens de partos. Ela filmou o papai e a mamãe.
Na primeira hora do dia 30 de Abril (logo depois da meia-noite) as contrações começaram a surgir com intervalos de 5-5 e depois, de 4-4 minutos e as dores foram ficando, a cada contração, mais fortes.
Antes da 01 hora da madrugada a enfermeira fez o Edema e a Tricotomia em mim (o Edema é a lavagem intestinal e a Tricotomia é a raspagem dos pêlos pubianos, isso o papai não viu). Coisa mais desagradável!
A enfermeira chegou com o primeiro soro (glicosado) e aplicou em uma veia da minha mão direita, com um catéter de uns 6cm de comprimento! Em pleno ano 2011 já deveriam ter inventado outra forma de hidratar e equilibrar o nível de glicose no corpo, algo como pastilhas ou solução oral =). Sinceramente, não gosto destes procedimentos invasivos ao corpo, sei que são necessários, mas me dá medo!!!
Aproximadamente o1:15 a Dra. Jeanine (a nossa G.O.) chegou. Era grande a chance de que ela tivesse que mandar uma médica substituta para realizar o parto, pois todas as sextas faz plantão em outra cidade.
A Dra. contou que justo nesta sexta, a filha dela (de 4 aninhos) ficou com febre e por isso ela foi para a casa cuidar da filha e quem atendeu no plantão dela (lá da outra cidade) foi a outra médica, então quando o marido dela chegou em casa ela pode ir para o hospital para ajudar a nossa pequena flor vir ao mundo.
A Dra. fez exame de toque e lá estavam os 3D de dilatação ainda...
Até 01:35 da manhã a Dra. já tinha perscrito Ocitocina no soro para estimular o trabalho de parto e na minha mão esquerda outro soro foi colocado.
Em menos de 5 minutos as contrações tinham aumentado alguns pontos na "escala hichter". Por causa do edema precisei ir ao banheiro e enquanto estava sentada na privada veio uma contração, pude sentir o canal do parto se abrindo. A partir daí não consegui mais ficar quieta.
A enfermeira colocou o aparelho que controla a frequência cardíaca e a pressão arterial no meu dedo polegar, mas o aparelho ligava e logo parava de funcionar. A enfermeira pediu que eu subisse mais na cama para ajustar os fios do aparelho e eu no meio de uma contração nem consegui me mexer (pelo menos não do jeito que ela tinha pedido, só conseguia me contorcer!) tive que esperar pela próxima pausa. A dor era tanta que pedi à enfermeira que me desse a anestesia (aquela que eu tanto temia, nas costas), pois eu não queria mais o parto normal. Ela me respondeu que mesmo que eu optasse pela cesária teria que esperar 1hs antes de ir para a mesa de cirurgia, e chamou a Dra. para ver como estava evoluindo o meu trabalho de parto.
Às 02:05 aproximadamente, a Dra. fez exame de toque e encontrou 7D de dilatação. Questionei quanto tempo ela achava que demoraria para chegar aos 10D de dilatação (que são necessários para realizar o parto normal). Ela disse que no máximo mais 01 hora.
Às 02:25 senti muita vontade de fazer força e chamei a Dra., novamente ela examinou, já estávamos com 9D! E, que dor descomunal!!! Ela deixou eu fazer força e, fazendo, senti a dor da contração aliviar. Ainda estava na sala de pré-parto e pensei na possibilidade de que eu fizesse força e a Me nascesse ali, mas a Dra. é ótima e sabe o que faz, por isso não tive medo.
Todos foram trocar de roupa, a Dra., as enfermeiras e até o papai. O papai apareceu usando o avental e uma touca, parecia um médico. Adorei! ^^
Tudo preparado. Hora de ir para a sala de parto. Veio mais uma contração e quando passou, levantei da cama do pré-parto, fomos andando para a sala de parto. Eu, de pé, sendo carregada pelo papai. Uma contração no meio do caminho, eu já me sentia exausta e pensei: "está quase acabando, logo ela estará aqui!".
Tudo aconteceu muito rápido.
O papai ficou ao meu lado, mas não pode segurar minha mão por causa da agulha do soro.
Uma contração veio e eu fiz força.
Uma enfermeira disse que a mocinha era cabeluda e a Dra. disse que na próxima contração ela viria. Me preparei.
Veio a outra contração e empurrei com toda minha força, senti a cabecinha da Me saindo devagar, meu fôlego foi se acabando, eu ouvia as enfermeiras e a Dra dizendo: "não para, não para", "você está indo muito bem", "segura o fôlego", "empurra", "agora, agora", "só mais um pouquinho" e coisa deste tipo.
Nessa hora, quando eu dei tudo de mim eu consegui! Ela nasceu!!! Às 02:37 do dia 30/04/2011 veio ao mundo a nossa pequena flor e estrelinha deste blog, a Aimée Sophia!
Colocaram ela em cima de mim e eu vi aquela coisinha frágil, quase roxinha, chorando e tremendo. A primeira coisa que pensei foi: "Ela está aqui, veio para nós! Ela é de verdade!!" - pensei isso porque tinha a sensação de que a gravidez ia ser eterna e que tudo era produto da nossa imaginação, pois sempre havia alguma nova situação para abalar nossos corações e o tempo parecia nunca passar... Senti vontade de rir e chorar ao mesmo tempo, mas nem sei se consegui fazer porque o cansaço era tanto que a sensação que eu tinha era a de estar sonhando.
O papai não segurou as lágrimas e quando levaram ela para fazer os testes e dar o primeiro banho, ele foi junto.
Após o banho da Me, enquanto eu ainda estava na sala de parto, o papai chegou com a Me e colocou ela deitada no meu peito, ela ficava se lambendo e estalando os lábios, coisa mais engraçadinha! Logo ela segurou o meu dedo e abriu os olhinhos.
A pediatra nos disse que a nota APGAR (avaliação feita no 1º e 5º minuto após o nascimento) da Aimée foi de 9 e 9, depois levou ela para fazer vacina e exames. O papai foi atrás...
Como o parto aconteceu sem Episiotomia (corte no períneo para facilitar o parto no período de expulsão do bebê) não levei pontos. A enfermeira terminou os procedimentos, aplicou remédio no meu soro para contrair o útero (e auxiliar no retorno do orgão ao seu tamanho original) e depois aplicou Buscopan para aliviar as dores.
Depois de pouco mais de uma hora, quando eu já estava no quarto que ficamos no pré-parto, trouxeram a Me para ficar com a mamãe e com o papai. Dormimos todos juntinhos, com a Me no meio.
Assim nosso sonho se tornou realidade!

Percebi que o hospital carece de equipamentos novos e de um espaço adequado para os famíliares que ficam em espera, pois o espaço destinado à eles é apenas um corredor com umas 3 cadeiras. Entretanto, o atendimento que recebemos, das enfermeiras, dos médicos, do pessoal da nutrição, do pessoal da limpeza e do pessoal da lavanderia foi ótimo, não temos do que reclamar! Agradecemos!
Em especial, nosso agradecimento à Dra. Jeanine S. Vargas, que mostrou ser uma pessoa dedicada em sua profissão e cuidou de nós da melhor forma.

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