O nascimento: como foi para o papai

Sabe aqueles filmes em que o cara é pego de surpresa quando está no trabalho ou fazendo alguma coisa e a mulher avisa que vai ter o bebê? Foi mais ou menos assim o meu caso. Eu estava trabalhando, terminando o dia de treinamento de uma turma quando a mamãe ligou de casa avisando que a nossa pequenina ia nascer. Eu queria ter me visto naquela hora pra ver como fica a cara de um pai quando descobre que vai acontecer.

Encerrei o treinamento naquela hora, dispensando a turma. Saí do trabalho e fui pra casa. Eu lembro de permanecer atônito durante a próxima hora, sem entender direito o que estava acontecendo. Parecia que a palavra "nascimento" era algo que tinham acabado de inventar. Quando cheguei em casa, esperava aquelas cenas hollywoodianas em que pais desastrados correm para ir ao hospital, gritando desesperados sem achar as coisas, com direito a todas as trapalhadas possíveis. Mas nem foi assim. A cena foi a seguinte: a maninha lavando a louça e a mamãe fazendo chapinha, ambas bem tranquilas. Já eu, homem feito, queria pegar tudo e ir pro hospital de uma vez, como se cada minuto a mais fosse um risco pro bebê. Mas a mamãe, com sua sabedoria feminina infinita (e já orientada pela médica), me disse que não havia necessidade de correr, e sim de relaxar. Havia bastante tempo ainda e ela não queria deixar a casa uma bagunça e nem sair sem estar devidamente pronta. Procurei me acalmar e seguir o baile. Dava pra sentir todo mundo nervoso, mas ninguém fazia movimentos bruscos nem falava mais alto. Era o momento de se preparar, a dona Aimée em breve chegaria!

Depois de tudo pronto, liguei para minha mãe para que ela nos levasse ao hospital. Quando ela chegou, descemos e fomos até o nosso destino. Antes disso, deixamos a maninha com o outro vovô, pois ela não poderia nos acompanhar no parto. Junto da vovó estava o vovô. Levamos a camera e tudo mais e zarpamos!

Nada de gritaria. Pra você que está esperando a hora chegar a qualquer momento, esqueça os clichês: a "hora" costuma ser bem assim, sem alardes. Engraçado era ver a surpresa da vovó ao perceber que a mamãe não estava sentindo dores. Na vez dela, diz ela, "foi um horror".

Continuando nossa jornada, chegamos ao hospital. Levamos a mamãe ao lugar onde seria feito o parto. Ela entrou sozinha com as enfermeiras para ver como estava o parto. O vovô estava tão nervoso que nem se ligou que eu estava gravando! Mas, do jeito de cada um, estavam todos muito felizes pela chegada da nossa bonequinha. Mas aí que temos o revés na nossa trama, pois o hospital não quis nos acolher porque estavam sem espaço na UIT Neonatal e, caso acontecesse alguma coisa, não poderiam cuidar do bebê. Eu realmente não gostei da situação e foi bem frustrante nesta hora. Nós (eu e a mamãe) já havíamos ido visitar o hospital antes pra ver como eram as instalações onde faríamos o parte e tínhamos adorado aquele hospital. E além disso, aquilo significava usar o plano B, o que nem tinha sido cogitado. Sem opção, avisamos a doutora que iríamos para outro hospital. Fomos pro carro e "bora" pro parto!

A vantagem do outro hospital é que ela próximo da casa da minha mãe (a vovó) e isso facilitaria as coisas caso a gente precisasse de alguma ajuda. Mas, como eu disse antes, eu não tinha gostado da situação e isso se confirmou ao chegarmos. Para nossa infelicidade, não haviam elevadores funcionando para chegar até a área do parto. Ou seja, a mamãe teve que subir escadas! Fiquei possesso com os funcionários, que encaravam a situação como quem encara uma pedra no chão. Pai, prepare-se pra tudo e, em hipótese nenhuma, perca a calma. Haverá o momento certo para você descontar sua indignação com funcionários incompetentes ou infraestratura de baixa qualidade, mas não escolha este momento para isso. A mamãe irá precisar que você esteja lá, segurando a mão dela.

No local onde é feito o parto, a mamãe entrou primeiro e, novamente, sozinha. Enquanto ela fazia os exames com as enfermeiras, eu esperava do lado de fora. Aquela pausa me deu oportunidade de refletir melhor o que estava acontecendo: eu ia ser pai! Por dentro, atrás de todo aquele nervosismo e pânico, eu estava explodindo de alegria, mesmo sem saber direito o porque disso. O resto da família foi chegando, me parabenizando, foi muito legal. Chegou a titia, o titio (os manos do papai) e sobrinha do papai (dormindo já). Ficamos por algum (bom) tempo esperando alguma notícia lá de dentro, até que eu fui chamado para ficar com a mamãe. Ela já estava com aquela roupa de hospital, linda, ansiosa pela chegada da flor menor.

A partir daqui, segui a primeira de duas recomendações que me passaram: dê bastante carinho para a mamãe. Dei beijos, abraços, cafuné, carinho e tudo mais. A mamãe precisa se sentir bem e amada e eu tinha bastante amor para dar naquela hora . Minha mãe (a vovó) chamou o pessoal pra gravar o nascimento e, depois de um tempo chegou a mulher com a camera. Ela nos filmou juntinhos, dando beijo, tudo muito bonito. Ter o vídeo do nascimento é muito legal. Se você tiver a oportunidade de gravar o nascimento, faça. Rever tudo é quase tão emocionante quanto a hora em que aconteceu de verdade.

Nós estávamos preparados para ter o parto com algum doutor substituto, pois a doutora que nos acompanhou durante a gravidez estava de plantão em outro hospital. Mas, para nossa sorte, uma série de eventos (a filha com febre da doutora) permitiu que ela pudesse vir ao hospital para fazer o parto. Posso jurar que, quando ela chegou, tinha um "S" no peito e uma capa balançando ao vento. Ficamos muito mais tranquilos porque tínhamos certeza de que, com ela, tudo daria certo. Mas aí que o calvário começa.

Para as mamães, dor (absoluta). Para os papais, sensação de impotência (absoluta também). As enfermeiras aplicaram uma medicação que acelerava a dilatação. Toda a dor que a mamãe ainda não havia sentido se manifestou e é horrível. E, por mais que você veja sua amada sofrendo, não existe absolutamente nada a se fazer. Foi neste momento que coloquei em prática o segundo ensinamento que aprendi para a hora do parto: não faça, absolutamente, nada. Só fique ali, pronto para qualquer eventualidade, mas só. Não fique falando, não fique se mexendo, não conte piada e, JAMAIS, pergunte se está doendo. Por mais que eu tentasse me lembrar de algum momento de sofrimento, nunca conseguiria chegar perto do que a mamãe estava sentindo. A dor era tanta que ela nem conseguia me entender direito. A uma certa altura do campeonato, ela não consegue nem perceber direito o que está acontecendo. E isso dura HORAS.

A mamãe tinha decidido por um parto normal, nada de cesariana. Mesmo porque, a mamãe já tinha se assustado bastante com a tal da peridural (são 8cm de comprimento!). Portanto, além do "sofrimento pré-parto", ainda haveria o "sofrimento durante-parto". Quando ela chegou no hospital, estava com 3 dedos de dilatação. Tinha que chegar em 10 para ir pra sala de parto. E vai dor... Gemidos e urros passaram, passaram, passaram e as enfermeiras fizeram uma nova checagem. Uma hora depois e ainda não havia saído dos 3 dedos. A mamãe já estava surtando, pois isso poderia durar 10h ou 14h. A dor era tanta que ela tinha desistido já de fazer o parto normal e implorou pela cesariana. Porém, logo em seguida, a doutora mediu de novo e estávamos com 7 dedos! Wow! A enfermeira sugeriu que a mamãe aguentasse mais um pouco, pois daqui a pouco o parto iria acontecer. Decidimos esperar. A doutora informou que, em mais uma hora, faríamos o parto. Porém, não deu 30min e chegamos a 9 dedos! A doutora mandou o papai colocar a roupa de hospital para levar a mamãe até a sala de parto. Era a hora!

O Parto
Depois de me trocar, eu e as enfermeiras levamos a mamãe até a sala do parto. Com aquela caminhadinha de poucos metros, chegaríamos aos 10 dedos de diltação. A mamãe fez um esforço Homérico, mas chegamos sem problemas a mesa de parto. A mamãe foi colocada na cama e eu fiquei na cabeceira.

É uma loucura! A doutora estava acompanhada de umas três enfermeiras e todo mundo fica gritando "Vamos, mamãe! Força, mamãe! Não para!". Parece até um jogo de futebol! Chega a ser surreal a cena. Eu parecia uma coruja com os olhos arregalados, sem acreditar em tudo que estava acontecendo. A mamãe fazia força e mais força pra Aimée sair. A doutora ficava de goleira, pronta pra pegar o bebê. Enquanto a mamãe fazia o esforço na primeira contração, a doutora já falava "dá pra ver os cabelinhos". Maquecoisadeloco.

A contração parou. A doutora mandou a mamãe relaxar e se preparar para a próxima. Exausta, a mamãe respirava fundo. O papai ficava ali, fazendo carinho e beijando a nuca da mamãe . Papais, lembram da regra de não perguntar se está doendo? Aqui vale ouro. Lembro bem da doutora falando que, na próxima contração, o bebê nasceria. E veio a tal da segunda contração. A doutora falou com ainda mais ímpeto "Força mamãe!". Parecia até que estava de cara porque a mamãe não estava fazendo força o suficiente. A mamãe fez um último esforço, como se estivesse tentando levantar um carro sozinha. E veio o choro.

Se existe um momento indescritível na vida é a hora do parto. O termo genérico e mais aproximado para este momento é "felicidade". Você pode até colocar "total", "absoluta" ou "infinita" ao lado do primeiro termo, mas ainda assim vai parecer meio vago e não totalmente adequado. Parece que você desaba, os joelhos afrouxam e você não tem mais controle sobre si mesmo. As lágrimas rolaram a rodo no momento em que ela apareceu nos braços da doutora. Chega a ser sufocante de tão feliz e emocionado que se sente. Não se consegue nem achar direito tempo pra respirar entre as lágrimas.

Ela nasceu, deu o seu choro, mas, logo sem seguida, se acalmou. Parece que já tinha se dado conta de que valia mais a pena ficar quieta do que ficar esperneando. A doutora me chamou para cortar o cordão umbilical. Desajeito, aceitei o desafio e, depois de algumas tentativas, consegui cortar o cordão. Acompanhei o bebê durante seus primeiros minutos de vida. Ela fez o teste de Apgar e tirou nota alta (faculdade, me espere). Vi darem o banho (aí sim ela chorou) e limparem ela. Colocaram uma das roupinhas que trouxemos e a deixaram em uma máquina pra ficar quentinha. Ela tinha dedinhos fininhos e delicados e nem conseguia abrir os olhos. O choro ainda era rouquinho, rouquinho. Eu filma, chorava, filmava chorando, chorava filmando, tirei fotos e, depois de tudo feito, voltei com o bebê até a mamãe. Curtimos nosso momento de vitória juntos.

O nascimento é um evento único, inexplicável e assustador, mas é tão belo e tão intenso que muda sua vida completamente em um segundo. Ela te traz significado e a minha pequena é uma das únicas coisas que (agora) valem a pena. A palavra "família" ganhou um novo significado pra mim. Se você tiver a mesma sorte que eu tive, se esforce ao máximo pra que tudo valha a pena. Elas merecem.

1º Mês

Primeiro Dia de VIDA



No seu primeiro dia de vida, a estrela deste blog dormiu quase que o tempo todo... Pois é, parece que ela não se sentiu incomodada com o mundo aqui fora e deixou para pensar, sobre o fato de ter saido do seu quartinho particular, em outra hora.

No Hospital
A Aimée teve fortes dores de barriga e em uma das noites chorou tanto que eu quase chorei junto.
Fiquei me perguntando por quê um bebê pode sofrer se não tem lágrimas para chorar. 
No primeiro dia nem dormimos (dá até pra ver nossas carinhas de acabados na foto), também nem queriamos saber de dormir. Claro! Tinhamos algo muito melhor para fazer: matar a curiosidade que cresceu junto com a barriga durante a gravidez... =)
Ela até que nasceu grandinha! A impressão que tive, foi a de que ela era muito maior do que a minha barriga estava até o dia anterior... E, de pensar que tomamos tantos sustos durante a gravidez, tinha aquela grande possibilidade de que ela não ganhasse peso... Mas a nossa guerreirinha nasceu com 3,035kg e 47cm!
Foi uma delícia e um momento muito mágico o da chegada da Aimée. 
Como não foi necessário fazer Episio no parto, pude ficar de pé e andar logo após a nossa pequena nascer. Só sentia dores forte na hora de lavar ou de fazer xixi, pois infelizmente sofri alguns rompimentos do tecido "lá de baixo"... =/
Eu já sabia que não ia poder amamentar por causa dos remédios que tomei, então não me senti tão mal por não dar o peito.
Ela começou mamando 20ml, quantidade esta que ia em dois goles dela, isso a cada 3 horas. ^^
As enfermeiras apareciam para fazer as trocas de fraldas, a limpeza do coto e dar a dedeira dela, mas eu que quis fazer tudo, menos limpar o coto porque tinha medo.
O papai foi fazer uma troca de fralda e demorou um pouquinho para pôr a fralda nova por baixo do bumbum da Me, daí a mocinha se aproveitou do momento e fez xixizinho no lençol. Heheheh isso foi bem engraçado, o papai ficou, tipo, estarrecido com a espontaniedade da nossa pequena.
Recebemos visitas especiais, a mais especial foi a da mana. Eu queria chorar de felicidade quando vi minha flor maior surgir com um grande sorriso olhando pra maninha. Me senti completa com minhas duas taurinas. Eu estou completa!
Nossos dias no hospital foram mais confortáveis do que pensamos que seriam, pois por falta de leito semi-privado (que era o tipo que o nosso plano cobria) tiveram que nos deixar em um leito privado. O que também não era muito confortável, mas era reservado e tranquilo.
O pessoal do hospital quis bater uma foto da Me para fazer o cartão virtual de nascimento, mas preferi eu mesma escolher uma, então, depois bati uma foto e mandei por email...
No ultimo dia que ficamos no hospital choveu e ventou muito, por isso a nossa volta pra casa não foi tão tranquila, mas apenas neste sentido.
Eu estava com a Aimée nos braços quando entramos no nosso apartamento, senti uma sensação de vitória, indescritível. Apresentei a nossa casa para a mais nova moradora e membra da família. =)

As famosas cólicas dos 3 meses começaram para a Me enquanto ainda estavamos no hospital e lá também, ela começou vomitar logo após as mamadas. Nos primeiros dias os olhinhos dela nem molhavam enquanto ela chorava.
Com uma semana podiamos ver um brilho a mais nos olhos por causa do chorinho, uma semana mais tarde (com duas semanas) os olhos começaram a molhar e com três semanas dava para ver as lágrimas tentando se formar nos cantinhos dos olhos.
A limpeza do coto umbilical foi feitadurante as trocas de fraldas e no 5º dia de vida o coto da Me caiu.
Por alguns dias o umbigo dela ficou para fora, me fazendo pensar que ficaria mesmo daquele jeito, mas não demorou para que ele entrasse. Ficou bem direitinho!

A alimentação da Aimée foi perscrita pelo médico pediatra do hospital na data do parto. Nos orientaram oferecer a fórmula em pó a cada 3 horas ou conforme a necessidade dela e ir aumentando a quantidade de leite em 10ml por dia. No hospital ela mamou o leite Aptamil 1 da Danone, em casa ela começou com o mesmo leite, mas logo trocamos para o Nestogêno 1 da Nestlé.


Apesar de sempre vomitar após as dedeiras, a Me aceitou muito bem o leite e pegou bem a mamadeira. Consultamos com 3 pediatras e todos afirmaram que o refluxo dela é normal não sendo necessário a troca do leite ou alguma análise minuciosa. 
Suas mamadas foram aumentando da seguinte forma:
No primeiro dia 20 ml de 3-3hs
No segundo dia 20 ml de 3-3hs
No terceiro dia 30 ml de 3-3hs
No quarto dia 40 ml de 3-3hs
No quinto dia 50 ml de 3-3hs
No sexto dia 60 ml de 3-3hs
Segunda semana 60 ml de 2-2hs
Terceira semana 90 ml de 2-2hs
No final do primeiro mês aumentamos a mamada para 120 ml de 2-2hs, mas os vômitos ficaram ainda mais intensos então reduzimos para 90 ml novamente.

4º Mês